quinta-feira, 5 de março de 2009

Roth – O Ferguson dos pampas?

— Não autorizei ninguém a procurar o Felipão. Tenho convicção no Celso Roth, gostaria que o Felipão viesse só se o Roth falecesse de repente.

A frase acima, proferida em entrevista recente pelo presidente do Grêmio, Duda Kroeff, dá margem para duas interpretações distintas e assustadoras.

1- Creio que qualquer torcedor gremista gostaria de rever o multicampeão Luis Felipe Scolari comandando o tricolor novamente. Ora, se Kroeff acena com a possibilidade da vinda de Scolari somente se Celso Roth vier a falecer, ele automaticamente incita o torcedor a impiedosamente desejar a morte do nosso atual treinador. Sinceramente, não acredito que os gremistas, por mais que detestem a maneira como Roth vem treinando, estejam com tanta raiva dele a ponto de encherem as ruas de Porto Alegre com Rothzinhos espetados com setas. Mas eu posso estar errado.

2- Por outro lado, com esta frase Duda Kroeff confere a Roth um status absolutamente único dentre os treinadores do mundo inteiro. Kroeff diz que gostaria de contratar Scolari apenas se Roth morresse; ora, Scolari é um dos maiores treinadores do mundo e está para a sua profissão como um Antonio Ermírio de Moraes ou um Bill Gates estão para as suas. Se Kroeff diz que apenas a morte de Celso Roth será um motivo suficiente para que tente cortejar Scolari, automaticamente Kroeff o coloca num patamar acima do de Felipão, isto é, no nível dos semideuses do futebol, das unanimidades indiscutíveis e categóricas. Kroeff não quer Felipão nem que ele se ofereça de graça para treinar o Grêmio. Kroeff não quer saber de ninguém enquanto Roth estiver lá. Que eu saiba, sob esse prisma,só há um treinador com um status semelhante ao de Roth no futebol mundial: o treinador do Manchester United, Alex Ferguson, comandante do time há nada menos do que 23 anos. Mas só ele. Ninguém mais. Somente o treinador escocês, bicampeão da Europa, bicampeão do mundo e várias vezes campeão inglês pode rivalizar com Celso Roth, que, como sabemos, não tem um currículo tão – como dizer? – rico quanto o dele apenas porque tem menos tempo de carreira e ainda não teve tempo suficiente para tantas glórias. E estas glórias, afinal, demandam tempo. Tempo que Roth tem de sobra. Afinal, tem o aval do presidente Kroeff para passar o resto de sua vida fazendo maravilhas com o time do Grêmio.

Escrito por Celso Augusto Uequed Pitol

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