terça-feira, 31 de março de 2009

Coisa de gente branca e de olhos azuis

Uma peça especialmente valiosa para os estudantes de filologia germânica é o poema “Der Abschied”, ou “O Adeus”, de Peter-Johann Rottmann. Publicado em 1840, o poema fala da partida do imigrante alemão Hannes para o Brasil, deixando sua querida Lisekett desconsolada à sua espera na terra natal. A moça entra em desespero e avis ao moço que ele enfrentará todo tipo de adversidades, cobras , monstros terríveis e macacos. Hannes, por sua vez, fala das grandes chances que terá no imenso Brasil e promete voltar para sua amada com o dinheiro obtido no novo país.

Não sabemos se Hannes ganhou dinheiro no Brasil. Não sabemos se ele voltou a ver sua amada Lisekett – provavelmente nunca mais a viu. Embrenhado no interior dos Estados do Sul, ou nas serras do Sudeste, era grande a chance de ter sido vítima daqueles monstros terríveis, das cobras e dos macacos que tanto assustavam a sua namorada. Mesmo assim, centenas de milhares de pessoas como ele enfrentaram a fome, o frio, o calor, os monstros terríveis, as cobras e os macacos e, com rara força de vontade, fizeram mais do que deles se esperava: sobreviveram. Construíram cidadezinhas floridas e agradáveis no interior daquele imenso país, deram impulso à indústria e ao comércio e o seu idioma, o rude Hunsruckish, desprezado em sua Alemanha natal, continuaria a ser falado naquela longínqua e desconhecida terra por muitos dos melhores brasileiros que, desde então, carregaram consigo o mesmo sangue que o seu. O aventureiro Hannes e a sua querida Lisekett nunca poderiam imaginar que a saga da sua gente na nova terra seria tão produtiva e tão bela. Nunca poderiam imaginar que eram capazes de fazer algo tão grandioso. E nem poderiam imaginar que os descendentes de gente como eles, simples, trabalhadora e sonhadora, seriam acusados de serem responsáveis por uma crise que eles não criaram e que eles não entendem . E, vejam só, acusados por ninguém menos que o próprio presidente do país que os acolheu.

Três das responsáveis pela crise:


Fonte: www.santacatarinabrasil.com.br

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