quarta-feira, 25 de março de 2009

Artigo de Barack Obama no “Times”, de Londres

Neste dia 25 o presidente dos EUA, Barack Obama, publicou no Times, de Londres, um artigo intitulado “We are ready do lead. Are you ready to join us” (Nós estamos prontos para liderar. Você está pronto para juntar-se a nós?).

A seguir, traduzimos alguns trechos:

“Minha mensagem é clara: os Estados Unidos estão prontos para liderar e convocamos nossos parceiros a juntarem-se a nós, munidos de senso de urgência e propósitos comuns. O trabalho está sendo muito bem feito, mas ainda resta muito por fazer. Nossa liderança é baseada numa simples premissa: a de que vamos agir com coragem para tirar a economia americana da crise e reformar o nosso sistema regulatório, e estas ações serão fortalecidas por outras ações complementares. Através do nosso exemplo, os Estados Unidos podem promover uma recuperação global e trazer confiança ao resto do mundo; e se a cúpula puder ajudar a incentivar uma ação coletiva, podemos forjar uma recuperação segura e crises futuras poderão ser evitadas.”

A seguir, o presidente estabelece três passos para combater a crise.

1- Ações rápidas para estimular o crescimento;

2- Restaurar o crédito do qual dependem consumidores e empresários;

3- Ajudar países e povos mais suscetíveis à crise.

Não fica nisso, porém, o recado do presidente americano:

“Se é verdade que estas ações podem ajudar a nos tirar da crise, nós não podemos deixar espaço para um retorno ao status quo. Devemos pôr um fim à especulação desenfreada e aos gastos acima das nossas possibilidade; pôr um fim ao mau uso do crédito, aos bancos superavaliados e à ausência de regulação que nos condenam a bolhas que inevitavelmente explodem. Somente a ação coordenada pode prevenir a irresponsável atitude arriscada que causou esta crise. É por isso que eu me comprometo a aproveitar a oportunidade de pôr em marcha reformas estruturais profundas no nosso sistema de regulação da economia.

Obama está colocando as asas esquerdistas de fora? Está lançando as bases de um socialismo moreno versão ianque? Nem tanto. Está apenas repetindo o que praticamente todos os analistas econômicos do mundo estão dizendo: que o mercado tem de ser regulado, que não podemos deixar o lobo do capitalismo à solta na rua e que a crise só terá fim após o esforço conjunto de todos. Nenhuma novidade, mas é algo que, saído da sua boca, agrada tanto aos esquerdistas, que adoram ouvir falar em intervenção estatal, e aos direitistas, que respiram aliviados ao saber que Obama não diz nada que um Alan Greenspan já não tenha dito.

Ao mesmo tempo, com este discurso convocatório ao melhor estilo “sigam-me os bons”, Obama apresenta-se como o grande timoneiro da retomada econômica global e convoca a todos para caminhar ao seu lado, de braços dados, em direção a um futuro brilhante onde os EUA não são arrogantes nem imperialistas, mas apenas bons companheiros, líderes por vocação e não por imposição forçada. Uma bela imagem, sem dúvida. E ainda mais bonita para os EUA, que alcançam uma popularidade no mundo como raras vezes alcançou em sua história através do método exposto por este artigo e conhecido há milênios: dizer o trivial na hora certa.

Escrito por Celso Augusto Uequed Pitol

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