quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O porquê de torcer em pé

A torcida do Grêmio tem se notabilizado em todo Brasil pelo estilo vibrante de apoiar o time, em qualquer circunstância. Implantou um verdadeira revolução na maneira de torcer em nosso país. Todos que frequentaram estádios em décadas passadas sabem do que estou falando. Ir a estádio consistia em passar a maior parte do tempo sentado, levantando esporadicamente em lances de maior perigo. Torcer e estimular o time era quase que exclusividade das torcidas organizadas que não se comportavam em sintonia com o resto estádio. Pulavam, cantavam, torciam separadamente e o restante do público assistia. Era assim. Confesso que sempre tive anseio por ver o Olímpico vibrante e participar, não sendo apenas uma espectadora, enquanto torcer ficava a cargo das organizadas. Uns dos poucos cânticos que o torcedor comum podia entoar eram , pelo que lembro, “GRÊMIOOOOOO” e “Olê, olê olê olê, Grêmio, Grêmio”, “Olê lê lê, olá lá, o Grêmio vem aí e o bicho vai pegar”. Que essa lembrança não soe como uma crítica, pois estes eram momentos especialíssimos, em que podíamos extravasar um pouco da imensa emoção que o Grêmio nos causava. O sentimento estava lá, como permanece até hoje. Apenas não havia harmonia entre os diferentes setores do estádio.

E aí está o grande mérito da Geral do Grêmio. Conseguiu tornar realidade este torcer em conjunto, no momento de extrema crise em que o clube fo lançado por equívocos de seus dirigentes. A torcida do Grêmio sentiu que dependia dela a saída do inferno onde o clube havia sido lançado. O torcedor associou-se em massa, salvando um Quadro Social que era praticamente inexistente. O torcedor passou a querer fazer mais do que apenas assistir sentado e confortável( conforto em termos) ao jogo. Passou a sacrificar esta acomodação em nome do bem maior: o Grêmio. O estádio inteiro, a partir de então, passou a entoar, em uníssono, os cantos da Geral. No início timidamente. Até chegarmos ao momento atual, em que praticamente todo torcedor gremista, seja ele de arquibancada, social ou cadeira, conhece as músicas cantadas no estádio. E canta junto.

É o que mostra este vídeo:

ou este:

Pois bem, pois não é que agora a nova direção do Grêmio, que assumiu o clube com o quadro social transbordante, uma torcida apaixonada e consumidora voraz, além de uma classificação pronta para a Libertadores, quer que voltemos a época em que somente as organizadas cantavam e apoiavam o time?

A direção tem a capacidade de gastar dinheiro do clube para distribuir panfletos, (conforme noticiado aqui) pedindo que o torcedor assista ao jogo sentado, como se estivéssemos assistindo a uma ópera, e não ao nosso time do coração.

Estranho que a direção pareça pretender que o estádio permaneça impassível enquanto em campo os atletas lutam pela vitória. A impressão que passa é que a direção não gosta de ver o Olímpico inteiro sendo conduzido pelos cantos da Geral. Eu considero que acima de eventuais erros cometidos de parte a parte, o que deve prevalecer é o interesse do Grêmio e certamente um Olímpico amorfo não convém a estes interesses.

Espero que esta atitude da direção de criticar publicamente aqueles que ousam sacrificar seu conforto para pular 90 minutos em prol de seu time não desencadeie problemas de relacionamento na própria torcida. E que todos estes criticados continuem manifestando seu amor pelo clube da mesma maneira que o tirou do inferno e o levou à classificação da Libertadores. Sempre lembrando que ficar em pé não é opção para satisfazer os interesses dos torcedores. É mais um sacrifício que fazemos para transformar o Olímpico em um estádio temido por ser um caldeirão vibrante.

Torcida cerceada

Escrito por Miss Lou Lou

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