sexta-feira, 1 de maio de 2009

Senna

Senna

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Primeiro de maio de 1994 tinha tudo para ser um dia em que nós, aficcionados por futebol e admiradores de Ayrton Senna teríamos diversão completa. Iniciava com a promessa de termos mais uma daquelas manhãs em que ser brasileiro era motivo de orgulho, momentos em que a nossa bandeira frequentava com regularidade os pódios pelo mundo afora. Televisão ligada, o “Tema da Vitória” como fundo e a Fórmula Um presente em nossas casas. Claro que a morte do piloto austríaco Roland Ratzemberger durante os treinos no sábado e o acidente com Rubinho na sexta-feira deixavam uma sensação negativa no ar, mas o astral positivo era tal que, mesmo quando Galvão Bueno relatou o acidente com nosso herói, confesso que nem me preocupei. Certamente não era nada de importante e logo ele sairia andando, como já acontecera em outras oportunidades como em 15 de junho de 1991, nos treinos para o GP do México após ficar embaixo do carro. A demora do atendimento e a retirada de Senna em um helicóptero foram sintomas de daquela vez algo estava errado. E os piores prognósticos foram confirmados quando foi anunciada a morte de nosso campeão.

Choramos nós como chorou o Brasil inteiro. Foi magoados, sentidos e machucados que nos dirigimos ao Olímpico naquela tarde de maio para assistir Grêmio x Juventude. O início do jogo já indicava o sentimento dominante , com o nome de Senna sendo gritado pelos presente. Os comentários dos torcedores indicavam que o pensamento de todos estava na Itália. O pensamento de todos estava com Senna.

Aliás, o que aconteceu naqueles dias foi uma das raras manifestações populares realmente espontâneas que assisti. A mídia foi aumentando os espaços para o assunto à medida em que os brasileiros iam dando claros sinais de que morrera alguém realmente querido. As cenas de comoção popular que os veículos jornalísticos levaram ao conhecimento do mundo inteiro representavam realmente o sentimento da nação. Foram dias em que o luto oficial decretado correspondia ao luto de que estávamos tomados.

A manifestação dos torcedores na apresentação da Seleção Brasileira, no dia 04 de maio em Santa Catarina, enfrentando a Islândia em jogo preparatório para a Copa de 94 foi uma clara demonstração do amor que tinhamos por Senna. Aliás, aquele jogo foi indicativo do nascimento de outro grande ídolo popular, com estupenda performance de um jovem com 17 anos, jogador do Cruzeiro chamado Ronaldo, que marcou seu primeiro gol pela Seleção. No maio em que perdemos o melhor do mundo estavamos ganhando, sem saber, um outro melhor do mundo.

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“Ole, ole,olá, Senna, Senna” tornou-se um verdadeiro hino oficial a ser tristemente cantado em todos estádios brasileiros naqueles dias de maio de 1994.

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Para nós e para grande parte dos brasileiros ficou a saudade daquelas manhãs de domingo, quando a vida parecia mais luminosa com o brilho de Ayrton Senna sendo repartido conosco e marcando uma geração com a sinalização de que era possível ter a reverência do mundo mesmo tendo nascido nesses trópicos. Um dos nossos colaboradores, FRules, tinha cinco anos em 1994 e já era um grande fã do piloto. Talvez por isso até hoje acorde a hora em que for preciso para acompanhar a Fórmula Um. Resquícios de uma infância marcada pela magia de Senna – e, assim como a dele, a de toda uma geração

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