quinta-feira, 18 de junho de 2009

O peso de Ronaldo

Foi discutidíssimo o segundo gol do Corinthians na vitória de ontem sobre o Internacional, válida pelo primeiro jogo da final da Copa do Brasil. Para muitos, o meio-campista Elias não poderia ter cobrado aquela falta com a bola rolando e, consequentemente, o lance seguinte - o gol de Ronaldo - não poderia ter acontecido. Os colorados reclamam com todo o direito que os perdedores têm de reclamar. Nós, que nada temos com isso, atentamos apenas para o lance do gol e para quem o marcou.

Ronaldo recebeu a bola e arranca em direção ao gol do Inter pelo lado direito da grande área colorada. Com dois zagueiros na sua cola, sua única saída é cortar para o lado e chutar com a perna esquerda (Ronaldo é destro). É o que todo atacante pretenderia fazer. A maioria não tenta, pois sabe que não vai conseguir. O argentino Maxi Lopez teve um lance parecido no jogo contra o Caracas, ontem, e, em vez de cortar para o lado, bateu de pronto e chutou a bola nas imediações do Obelismo,em Buenos Aires. Outros tentam,mas não conseguem o drible. Outros até conseguem driblar, mas, tomados pelo nervosismo da situação, fazem o mesmo que Maxi Lopez fez. E outros simplesmente driblam mas não sabem chutar. Ronaldo não se encaixa em nenhuma dessas situações: sabe fazer o corte, sabe driblar, sabe chutar, sabe que sabe de tudo isso e, sobretudo, não demonstra o menor nervosismo em fazê-lo. Quando recebeu a bola, cortou para o lado e chutou, o atacante carioca parecia executar uma tarefa rotineira, simples, repetida tediosamente todos os dias e há muito tempo. Com tranquilidade, fez o que devia fazer e marcou o gol. Como já fez centenas de vezes nos quatro cantos do mundo, de todas as maneiras possíveis, contra adversários de todos os níveis e patamares. Ronaldo já marcou gols em defesas onde militaram Franco Baresi, Paolo Maldini, Lothar Matthaeus, Tony Adams e Frank Rijkaard e já fez Zubizarreta, Zetti, Kahn, Pagliuca, Preud´homme, Buffon e Barthez buscarem a pelota no fundo das redes. Já calou estádios, torcidas adversárias, sua própria torcida e todos os seus críticos. Ronaldo já experienciou tudo o que o futebol pode proporcionar a um atacante world class. Quando veste a 9 do Corinthians e entra em campo com seus companheiros esses gols marcados, essas bocas caladas, essas expressões de desapontamento dos maiores goleiros do mundo batidos pelo seu inimitável faro de gol entram junto com ele e lhe conferem um peso que nenhum atacante de hoje tem. Nem aqui, nem em outras paragens. E tudo isso que acompanha Ronaldo, para tristeza dos críticos maldosos e de adversários como os de ontem à noite, não pode ser medido em quilos.


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