quinta-feira, 4 de junho de 2009

Contos de F. Scott Fitzgerald



O filme O Estranho Caso de Benjamin Button, de David Fincher, tem quase três horas de duração. O conto O Curioso Caso de Benjamin Button, de F. Scott Fitzgerald (1896 -1940), tem exatas trinta páginas. A coletânea de contos em que ele aparece, O curioso caso de Benjamin Button e outras histórias da Era do Jazz (José Olympio, tradução de Brenno Silveira), não chega a trezentas páginas, que seria um tamanho compatível com o tempo de duração da adaptação. Só por aí já podemos ter uma idéia do que foi o trabalho do roteirista em dilatar o tempo da narrativa, inserindo detalhes que o conto não traz ou o faz de maneira implícita ou superficial. Apesar do cuidado de Fitzgerald com o estilo – clássico, sem os experimentalismos típicos dos seus contemporâneos - o conto felizmente permite essa expansão, dado o grande período de tempo transcorrido nas trinta páginas em que o escritor nos conta a história do homem que nasceu com aparência de velho e foi rejuvenescendo com o passar dos anos.

A narrativa é um dos trunfos de Fitzgerald. Assim como o nosso Machado de Assis, foi jornalista e aprendeu a arte da concisão, duramente trabalhada pelas rigorosíssimas exigências de espaço dos jornais. Também como Machado, gosta de conversar com o leitor como quem convida um amigo para tomar chá na varanda, o que é outro provável resquício do cronista e jornalista. E, como se tudo isso não bastasse, o autor de O Grande Gatsby é também muito machadiano em sua visão irônica da sociedade (sobretudo a alta sociedade), em seu pessimismo incoercível e na latente ternura pela incapacidade dos homens de sua época supostamente feliz – os anos 20 nos EUA, a “Era do Jazz” – em serem felizes. Só isso – ou tudo isso – já justifica a leitura atenta destes contos.


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Um comentário:

Unknown disse...

li isso no timoneiro O,o