domingo, 9 de novembro de 2008

Os tempos e sua voz


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Há muito tempo não lemos poesia. O mundo de hoje não o permite e não só pelo tempo que as futilidades nos roubam dos precisosos dias de vida. Não lemos poesia porque elas não parecem ter algo a nos dizer. Não achamos necessário desvendar os jogos verbais dos poemas, compreender as metáforas, degustar cada palavra como se fosse uma iguaria preparada por um chef talentoso. Nem sequer a musicalidade, ingrediente indispensável até à poesia mais popular, já não nos importa. Assim como o famoso “eu lírico” do poeta, que nos parece hoje de uma proximidade bem desagradável.

Neste sentido, o livro de Eliana Couto Triska, Os Tempos e sua voz, não parece ter a melhor das sortes em termos de público. É lamentável vaticinar um destino como esse para uma obra recém-lançada, mas não vejo alternativa. Ela tem o incontornável defeito de trabalhar a palavra na época da crise da palavra, como nos lembra um assustado George Steiner. Comete todos os equívocos: cuida da métrica e da musicalidade, deixa transbordar o eu, cede à inovação formal sem excessos, busca, enfim, o belo. É, em uma palavra, poesia – da melhor qualidade, para aqueles que souberem ouvir a voz de Eliane que já na epígrafe mostra a que veio:

No lar univérsico,

correntes de forças exóticas

traçam linhas vibratórias

que alcançam bordas,

limites não nomeados,

algo além da imaginação.

Nela ou fora dela, em qualquer ponto

há encontros…

P.S.: A autora está autografando o livro na 54ª Feira do Livro, no dia 10 de novembro, 2ª -feira, às 17 horas, na Sala Oeste do Santander Cultural.

Onde encontrar:
Fenix21@terra.com.br

Publicado por Celso Augusto Uequed Pitol || | 3 Comentários |

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