sábado, 20 de dezembro de 2008

Cajun


Qualquer visitante que atravessasse os EUA de cabo a rabo no início do século XX diria que aquele imenso país nada mais era do que uma reunião de pequenas nações reunidos por força das armas, mais ou menos como a China ou a Rússia. Não parecia haver grande identidade interna entre as dezenas de estados e territórios que compunham o país. O termo “Estados Unidos da América do Norte” não significava nada: tratava-se de um país sem nome, um aglomerado de tradições e pequenas nações crescendo paralelamente umas às outras com comunicação ocasional e superficial.

Na Pensilvânia, a maior parte da população falava alemão. No Nordeste do Canadá falava-se o gaélico. Na Flórida, em partes do Texas e no Sul da Califórnia, o espanhol. Nas ilhas da costa sudeste, o “gullah”, língua africana próxima do iorubá. Nos estados do velho Sul, então, a situação era praticamente insustentável: num raio de cinquenta quilômetros o viajante poderia passar por vilarejos onde se falasse o inglês dos “rednecks”, o espanhol, o alemão, o inglês falado pelos negros (que só eles mesmos entendiam) e o cajun.

E o que era esse cajun? Primeiro, é preciso falar um pouco da origem do termo. “Cajun” é a corruptela inglesa de “Acadian”, termo utilizado para denominar os franco-canadenses expulsos da região de Acadia, Norte do Canadá, e emigrados para a Louisiana para fugir da perseguição do governo britânico. Lá encontraram uma já grande comunidade francófona (boa parte do Sul dos EUA foi colonizada por franceses) e se adaptaram facilmente ao local, que também contava com uma enorme população negra. Com eles, trouxeram violões, banjos, acordeões, violinos e triângulos e uma das tradições musicais mais interessantes e menos conhecidas do mundo: a da França, mais precisamente do Norte Francês (Bretanha e Normandia), de raízes celtas e germânicas, como as do Norte de Portugal e da Espanha, da Escócia e da Irlanda. Boa parte do que conhecemos hoje como música americana se deve à contribuição “cajun”. Quem quiser, pode conferir nestes vídeos abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=WTO7pyo_Hnk

http://www.youtube.com/watch?v=YPHNuaR0a2s&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=Rkv0oStQE4I

http://www.youtube.com/watch?v=pGvci6EsFj8&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=Rkv0oStQE4I&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=1LwJy2TOWgs&feature=related



Escrito por Celso Augusto Uequed Pitol

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