sábado, 3 de janeiro de 2009

Sem olhos em Gaza

“Sem olhos em Gaza,no moinho com os escravos”: assim o poeta inglês John Milton descreve Sansão, o herói bíblico, no capítulo “Sansão , o que agoniza”, do livro “O Paraíso Reconquistado”. Ali Sansão está preso, trabalhando como escravo num moinho, cegado pelos filisteus após a traição pela sua amada Dalila. A cegueira é uma desgraça, sem dúvida, mas não tão grande quanto outra que ele assim descreve: “Estar cego e entre inimigos é ainda pior do que as correntes”.

Sansão foi cegado para pagar por um crime e colocado como escravo de forma humilhante. Só isto já é suficiente para despertar a nossa indignação de Ocidentais civilizados. O que dizer então de um povo que, sem ter cometido crime algum a não ser muito simplesmente existir, foi colocado sob ferros num cubículo onde mal podem se locomover e, quando alguns malucos entram em desespero e cometem crimes (aliás condenáveis), este povo ainda é bombardeado, assassinado cruelmente, destruído?

Quisera os palestinos estarem na situação de Sansão. Pelo menos saberiam a razão pela qual estão ali, presos, sob ferros, sem olhos em Gaza.

Escrito por Celso Augusto Uequed Pitol

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